29 setembro 2007

ojos de brujo...

Visto que mudei a música, tinha que escrever qualquer coisa. Queria escrever sobre o Grupo que aqui toca e até sobre a noite de ontem, que foi gira. Mas não me apetece!

Assim sendo fica a música. Quanto ao grupo, irei, sem sombra de dúvida escrever algo, mas quem quiser, pesquise. Porque se estão a ler isto têm "intermete" e por isso podem dar ao dedo no Google para ver algo mais.

De resto, apenas quero dizer que há muito tempo que um grupo não me fazia o que este me fez! Gosto de todas as músicas, embora umas, mais do que outras. Esta é uma das várias que eu adoro!

O que acham?

Ojos de Brujo - Ventilaor R-80

Enquanto escrevia isto, ouvia rádio e por coincidência, passou outra música que há muito me atormenta e que desde a primeira vez que a ouvi, a quero colocar aqui. Só não surgiu ainda a oportunidade, nem quero que surja. Mas acho que a vou colocar de qualquer maneira!
É uma música que apenas ouvindo e sem prestar grande atenção à letra - apenas ao refrão -, me transmite uma intensidade simplesmente brutal.
Quando a ouço, a minha respiração acelera, cerro os dentes, os punhos e só não choro se conseguir conter as lágrimas só para mim! BRUTAL!!!!
Adoro esta música:

28 setembro 2007

atitude

Hoje, dei-me a um trabalho, que actualmente considero perfeitamente absurdo:
Ver perfis do HI5, que eu não conheça. As fotos, do que gostam, etc..

Encontrei um perfil duma rapariga que tinha, como legendas das suas fotos, frases simplesmente fantásticas. E no seu diário, tinha o seguinte:

Girls are like apples on trees. The best ones are at the top of the tree.

The boys don`t want to reach for the good ones because they are afraid of falling and getting hurt. Instead, they just get the rotten apples from the ground that aren't as good, but easy.
So the apples at the top think -something is wrong with them- when, in reality, they're amazing!

They just have to wait for the right boy to come along, the one who's brave enough to climb all the way to the top of the tree, the one who's not afraid of falling...

Não quero com isto estar a dar graxa às mulheres, porque considero que isto também se pode aplicar aos homens! Ou até se pode dizer:

Porque é que hão-de ser os Homens a "reaching out for the apples"?!

Mas basicamente, quero falar sobre o que está implícito aqui: ATITUDE!!

Devo dizer que considero que a atitude, engloba coragem e é isso - a atitude - que muitas vezes me falta para conseguir realizar certos objectivos a que me proponho. Sinto-me realizado, mas considero que, se por vezes não fosse tão receoso de mim próprio, sentir-me-ia muito mais realizado em vários aspectos.
No entanto, sou como sou...

No que a música diz respeito, mantenho a mesma. Mas mais tarde ou mais cedo (mais cedo do que tarde), vai haver aqui uma bomba!!
Isto, ao contrário do meu sonho, posso dizer. Ando a ouvir um som que descobri, para mim, na altura do Sudoeste ou de outro festival qualquer:

OJOS DE BRUJO

MUITO BOM!!! Amanhã já deixo aqui.

24 setembro 2007

i have a dream!!

eu tenho centenas deles e tu só tens um?!


Há uns dias atrás, criei um sonho! Criei, não será a palavra correcta, pois ele já existia, embora duma forma muito ténue. Basicamente dei-lhe forma e relevo! Fi-lo devido a dois filmes que vi, nesta última semana, que avivaram e alimentaram o apetite voraz que esse sonho está a ganhar.
Ao contrário do que possam pensar, não vou falar dele. Pela primeira vez na minha vida, não vou partilhar um sonho com ninguém. Vai ser apenas e unicamente o meu sonho! Assim, ninguém me vai chamar ou considerar louco, ninguém me vai dizer "Eu avisei-te!" se correr mal e muito menos tentarão demover-me de o concretizar.

Para além disto, comprei um maço - e até aqui nada de novo -, tendo seguidamente retirado o plástico que envolve o mesmo, arrancado a prata do interior e retirado o primeiro cigarro. Quando o coloquei nos lábios, percebi que não tinha lume. Voltei a colocar o cigarro no maço e fui para casa. O maço, coloquei-o na minha secretária, de maneira a ser a primeira coisa que vejo quando me levanto e não lhe toquei desde então (domingo, 23/09/2007). Vou vê-lo todos os dias e não lhe vou tocar!

A música:
Adriana Calcanhoto - Esquadros
Tenho ouvido Adriana Calcanhoto e quando chega a esta música ouço-a sempre mais do que uma vez. Tranquiliza-me! Adoro a sonoridade do refrão. A forma como ela canta as palavras:
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto conrtole

19 setembro 2007

tem dias...

De forma geral considero a criação deste blog, uma coisa muito positiva. Por razões muito simples:

1 - Permitiu-me "conhecer" e falar com pessoas "novas", sendo a mais presente a Mary Mary, que apesar de não nos conhecermos pessoalmente, considero ser uma pessoa fantástica!
2 - Permitiu-me descarregar algumas das porcarias que me atormentavam (não todas, admito), o que acabava sempre por me aliviar alguma coisa. Serviu até como psicanálise!
3 - Permitiu-me escrever, o que é até algo que gosto. Apesar de não ser nenhum iluminado, tenho que admitir, dando um tiro na minha humildade, que escrevi alguns textos dos quais me orgulho bastante e de tempos a tempos, não resisto a voltar a lê-los.
4 - Permitiu-me colocar músicas e associar músicas a estados de espírito e textos. Considero que uma vida sem música não faz sentido!
5 - Permitiu-me manter o contacto com algumas pessoas que, de outra forma, não seria tão regular.

Apesar de tudo isto, tem dias que por estar mais fraco, triste ou até chateado com alguma coisa, não consigo resistir a abrir o e-mail, com a esperança de ter um comentário de alguém! Alguém que seja, para dizer o que quer que seja! Uma barbaridade! Não havendo, fico ainda mais triste e em baixo! Expectativas...

Assim, como me acontece isso com o blog, acontece-me com outras coisas das quais, praticamente, não nos privamos hoje em dia. Por exemplo:

Telemóvel - A quem não aconteceu, desejar que o telemóvel assinale uma chamada ou uma mensagem que seja, daquela pessoa de quem gostamos ou até dum amigo com quem gostávamos/precisávamos de estar e no meu caso de um cliente, para fechar um negócio? E naquela altura que toca? Nós desejamos e temos até a fé que será quem nós queremos e não é!!
E-mail - Quantas vezes não acontece, nós estarmos algum tempo sem abrir o e-mail e quando temos oportunidade de o fazer, fazemo-lo com aquela esperança de ver uma série de e-mails (não daqueles reencaminhados com anexos ou aqueles de correntes), das pessoas que nos interessam ter connosco na altura e zero!

Hhhhhmmmm!!!! Mas de onde é que vem esta filosofia toda? É simples! Do texto do Dalai Lama e dum texto que li (aqui há truque) num blog, sobre a felicidade!
A dada altura, na sua dissertação sobre a felicidade e sobre a compaixão, o Dalai Lama diz:

Portanto, a nossa inteligência faz de nós seres muito espertos, mas, ao mesmo tempo e precisamente por causa disso, temos mais dúvidas e suspeições e, por conseguinte, mais medos. Creio que a imaginação do medo está muito mais desenvolvida nos humanos do que nos outros animais. Já para não falar dos muitos conflitos no seio da família humana ou da nossa própria família, dos conflitos entre comunidades e nações ou dos conflitos internos de cada indivíduo - tudo conflitos e contradições que surgem das diferentes ideias e visões que a nossa inteligência proporciona. Portanto, por vezes a inteligência também serve, infelizmente, para criar estados de espírito muito infortunados. Nesse sentido, talvez a inteligência seja uma fonte suplementar de miséria para os homens. Ao mesmo tempo, creio que, apesar de tudo, a inteligência é em última análise o instrumento que nos permite vencer todos esses conflitos e diferenças.

enquanto, no texto do tal blog (com truque), se diz, numa comparação entre a felicidade de um "metropolitan" e um "selvagem", o seguinte:

Tendo isto em conta, imaginem um Índio: que nasce no meio da "floresta perdida"; que anda toda uma vida nú (uuuhhh!! erotismo), sem pensar no fatinho Sacoor, Hugo Boss ou Pierre Cardin; que para se movimentar, não usa mais nenhum meio a não ser os seus próprios pés; que come aquilo que apanha ou caça; que para atingir a maioridade tem que saltar duma altura de não sei quantos metros com uma liana agarrada aos pés; que não conhece sequer o que é um livro; que é ele próprio a construir a sua casa, com o que a floresta lhe dá e que quando morre é pura e simplesmente enterrado no seu espaço, ou queimado, ou seja qual for a tradição da tribo.


Agora eu pergunto-me se este Índio não é mil vezes mais feliz do que eu que para ser aceite nesta sociedade, tenho que me vestir bem e caro, ter um bom carro e uma boa casa, que como o que compro, que atinjo a maioridade de que forma? Com a primeira queca? Com o primeiro trabalho? AH!! Já sei! A partir do momento em que tiro a carta, não?! E quando morrer? Deixarei aos meus familiares as despesas do funeral e das partilhas!! Lindo, não?!

acrescentanto no final:

A nossa noção de felicidade é proporcional àquilo que nos dão oportunidade de ter, atingir ou almejar! E quanto mais variedade houver, mais probabilidades haverão de não conseguirmos atingir tudo. Logo, mais probabilidades haverão, de estarmos mais vezes infelizes!

Poderia agora deixar aqui uma pergunta e até pensei nisso! Mas não!! Vou antes deixar uma (várias) afirmação.

Adoro os momentos em que estou em São Martinho, em Santa Ovaia ou em qualquer outro lado, afastado de tudo e não ligo aos telemóveis, televisões ou internet! Acho até que seria muito mais feliz sem nada disso! Já vivi sem isso e era feliz!!
Tenho alturas em que até já pensei que gostava de ser completamente ignorante e burro (só aqui entre nós, não é que eu seja inteligente!!), para que todas as coisas que atormentam o "normal" (entre aspas porque não acho que exista normalidade) Ser Humano!

A música, foi simplesmente a que me apeteceu! Gosto desta música:

Rihanna - Umbrella

11 setembro 2007

dalai lama


Pela visita de Sua Santidade o Dalai Lama, ao nosso País, resolvi pequisar mais algumas coisas sobre a cultura Tibetana, sobre o Budismo e sobre Sua Santidade o Dalai Lama. Nessa pesquisa encontrei palavras maravilhosas, de Sua Santidade - já agora, é o único líder espiritual a ter legitimidade para ser denominado de Sua Santidade, para além do Papa -, que é o reflexo da sua cultura, da sua abertura a outros pontos de vista, do seu positivismo, da sua paz de espírito e de muitas outras coisas que caracterizam o Budismo Tibetano.

Por ter, simplesmente, adorado, transcrevo aqui, o que foi dito por Sua Santidade o Dalai Lama, numa Conferência Pública, no Free Trade Hall, em Manchester, no Reino Unido, a 19 de Julho de 1996.

LEIAM!!!!


Penso que todos os seres humanos têm um sentimento inato de ‘si’. Não podemos explicar por que razão este sentimento está presente - o facto é que está. Este sentimento é acompanhado do desejo de sermos felizes e da vontade de acabarmos com o sofrimento, o que é plenamente justificado: temos naturalmente o direito de alcançar tanta felicidade quanta nos for possível, tal como temos o direito de pôr fim ao sofrimento.

Foi a partir deste sentimento que se desenvolveu toda a história da humanidade. Na verdade, ele não se limita aos seres humanos; na perspectiva budista, mesmo o mais pequeno insecto tem este sentimento e tenta, em função das suas capacidades, evitar situações infelizes e obter alguma felicidade.

Todavia, há diferenças fundamentais entre os seres humanos e as outras espécies animais. Essas diferenças resultam da inteligência humana. Graças à nossa inteligência, estamos muito mais avançados e temos maiores capacidades. Podemos pensar no futuro com muito mais alcance e a nossa memória é suficientemente poderosa para nos fazer recuar muitos anos no tempo. Além disso, temos tradições orais e escritas que nos recordam eventos que se passaram há muitos séculos. Hoje em dia, graças aos métodos científicos, podemos mesmo examinar eventos que ocorreram há milhões de anos.

Portanto, a nossa inteligência faz de nós seres muito espertos, mas, ao mesmo tempo e precisamente por causa disso, temos mais dúvidas e suspeições e, por conseguinte, mais medos. Creio que a imaginação do medo está muito mais desenvolvida nos humanos do que nos outros animais. Já para não falar dos muitos conflitos no seio da família humana ou da nossa própria família, dos conflitos entre comunidades e nações ou dos conflitos internos de cada indivíduo - tudo conflitos e contradições que surgem das diferentes ideias e visões que a nossa inteligência proporciona. Portanto, por vezes a inteligência também serve, infelizmente, para criar estados de espírito muito infortunados. Nesse sentido, talvez a inteligência seja uma fonte suplementar de miséria para os homens. Ao mesmo tempo, creio que, apesar de tudo, a inteligência é em última análise o instrumento que nos permite vencer todos esses conflitos e diferenças.

Nesta perspectiva, entre todas as espécies animais deste planeta, os seres humanos são os maiores desordeiros. Isso é claro. Imagino que se deixasse de haver seres humanos neste planeta, o planeta em si tornar-se-ia um lugar mais seguro! Milhões de peixes, de galinhas e de outros pequenos animais iriam certamente beneficiar de uma verdadeira espécie de libertação!

Por conseguinte, é importante utilizarmos a inteligência humana de um modo construtivo. Essa é a chave. Se utilizássemos as suas faculdades adequadamente, não só os seres humanos causariam menos dano uns aos outros e ao planeta, como cada ser humano, individualmente, seria mais feliz. Isso está nas nossas mãos. Utilizar bem ou mal a nossa inteligência depende de nós. Ninguém nos pode impor os seus valores. Como podemos aprender a utilizar as nossas capacidades construtivas? Primeiro, devemos começar por reconhecer a nossa natureza; só então, caso estejamos determinados a tanto, temos a possibilidade de transformar realmente o nosso coração de ser humano.

A partir destas ideias, hoje vou falar sobre o modo como um ser humano, enquanto indivíduo, pode encontrar a felicidade - porque eu acredito que a chave de todo o resto está no indivíduo. Para que a mudança surja numa comunidade, a iniciativa tem de partir do indivíduo. Se o indivíduo se tornar uma pessoa boa, calma e tranquila, isso cria automaticamente uma atmosfera positiva na família que o, ou a, rodeia. Em geral, quando os pais estão cheios de ternura e são pessoas calmas e pacíficas, os filhos desenvolvem o mesmo tipo de atitudes e comportamentos.

O nosso modo de ser funciona de tal maneira que somos frequentemente perturbados por factores exteriores, pelo que um dos lados da questão consiste em eliminarmos os problemas que nos rodeiam. O meio-ambiente, no sentido da situação ou daquilo que nos rodeia, é um factor muito importante para estabelecermos um estado de espírito feliz. Contudo, o outro lado da questão, a nossa própria atitude mental, é ainda mais importante.

O ambiente que nos rodeia pode não ser muito favorável, pode mesmo ser hostil, mas se a nossa atitude interior for adequada, essa situação acaba por não perturbar a nossa paz de espírito. Por outro lado, se a nossa atitude não for correcta, mesmo rodeados de amigos e de facilidades seremos incapazes de ser felizes. Por isso, a atitude mental é mais importante do que as condições exteriores. Apesar disso, parece-me que a maior parte das pessoas está mais preocupada com condições exteriores, negligenciando a sua atitude de espírito interior. A minha sugestão é que devíamos dar mais atenção às nossas qualidades interiores.

Há inúmeras qualidades que são importante para a paz de espírito, mas, pela pouca experiência que tenho, creio que um dos elementos mais importantes é a atitude humana de afeição e de compaixão: o sentimento que nos leva a interessar-nos pelos outros.

Permitam-me que explique o que entendo por compaixão. Habitualmente, o nosso conceito de compaixão ou de amor refere-se ao sentimento de proximidade que temos pelos nossos amigos e entes queridos. Por vezes a compaixão acarreta também um sentimento de piedade, o que não está certo - qualquer sentimento de amor ou de compaixão que implique olhar de cima para os outros não é uma verdadeira compaixão. Para ser autêntica, a compaixão deve basear-se no respeito pelo outro e na compreensão de que os outros, tal como nós, têm o direito de ser felizes e de acabar com o sofrimento. A partir daí, porque tomamos consciência do seu sofrimento, desenvolvemos um verdadeiro sentimento de preocupação pelos outros.

Quanto à proximidade que sentimos pelos nossos amigos, em geral esse sentimento é mais um tipo de apego do que compaixão. A verdadeira compaixão deve ser imparcial. Se nos sentimos próximos dos nossos amigos, mas não dos inimigos ou do grande número de pessoas que nos são desconhecidas e indiferentes, nesse caso, apenas temos uma compaixão parcial ou preconcebida.

Como disse atrás, a verdadeira compaixão baseia-se no reconhecimento de que o direito dos outros à felicidade é idêntico ao nosso e que, por conseguinte, mesmo um inimigo é um ser humano que, tal como nós, aspira à felicidade e, tal como nós, tem o direito de ser feliz. Chamamos compaixão ao sentimento de interesse pelos outros que se desenvolve nesta base - uma compaixão que se estende a todos, independentemente da atitude amigável ou hostil que possam ter por nós.

Um aspecto deste tipo de compaixão é o sentimento de responsabilidade pelos outros. Quando desenvolvemos semelhante motivação, a nossa autoconfiança cresce automaticamente. Isso, por sua vez, reduz o medo, o que nos serve de base para uma grande determinação. Se logo à partida estivermos firmemente determinados a cumprir uma tarefa difícil, pouco importa se falharmos à primeira, à segunda ou à terceira vez. O nosso objectivo é muito claro, pelo que continuamos a esforçar-nos. Esta espécie de optimismo e de atitude determinada é um factor crucial para o sucesso.

A compaixão dá-nos igualmente uma grande força interior. Uma vez desenvolvida, ela abre-nos, naturalmente, uma porta interior, através da qual podemos comunicar facilmente e de coração a coração com os nossos semelhantes, os seres humanos, e mesmo com os outros seres sensíveis. Por outro lado, se tivermos ódio e maus sentimentos pelos outros, eles poderão sentir o mesmo por nós. Em consequência, a suspeição e o medo acabam por criar uma grande distância entre nós e os outros, ao ponto da comunicação tornar-se muito difícil e de acabarmos por nos sentir sós e isolados. Não significa que todos os membros da comunidade vão nutrir sentimentos negativos para connosco, mas talvez alguns olhem para nós de uma maneira negativa, por causa da nossa própria atitude.

Se cultivarmos sentimentos negativos pelos outros e ainda assim esperarmos que eles nos tratem com amizade, não estamos a ser razoáveis. Se quisermos que a atmosfera que nos rodeia seja mais amigável, temos de começar por criar um terreno que o proporcione. Caso mesmo assim os outros reajam negativamente connosco, temos então todo o direito de agir em consequência.

Eu tento criar sempre um terreno propício à amizade com as pessoas. Quando encontro alguém pela primeira vez, por exemplo, dispenso apresentações. Essa pessoa é, obviamente, um outro ser humano. Talvez algures no futuro os avanços da tecnologia me façam confundir um robot com um ser humano, mas até agora isso nunca me aconteceu. Vejo um sorriso, uns dentes a espreitar, um olhar... e reconheço logo essa pessoa como um ser humano! Sendo assim, do ponto de vista emocional somos idênticos e mesmo ao nível físico somos basicamente idênticos, excepto, talvez, na cor. Mas quer os ocidentais tenham o cabelo louro, azul ou branco, isso pouco importa. O importante é sermos emocionalmente idênticos. Com esta convicção, sinto que a outra pessoa é um irmão humano e aproximo-me dela espontaneamente. Na maior parte dos casos, a pessoa reage imediatamente em sintonia e tornamo-nos amigos. Às vezes falho e, nesse caso, tenho a liberdade de reagir segundo as circunstâncias.

Por conseguinte, devemos basicamente aproximar-nos dos outros com abertura, reconhecendo em cada pessoa um ser humano igual a nós. Não há assim diferenças tão grandes entre todos nós.

A compaixão cria naturalmente uma atmosfera positiva e, em consequência, sentimo-nos tranquilos e contentes. Onde quer que viva uma pessoa compassiva, reina sempre uma atmosfera agradável. Mesmo os cães e os pássaros aproximam-se facilmente de pessoas assim. Há já quase cinquenta anos, eu costumava guardar alguns pássaros no jardim do Norbulingka, o Palácio de Verão em Lhasa. Entre eles havia um pequeno papagaio. Nessa altura, eu tinha um velho servidor com ar de poucos amigos - com um olhar muito duro, de olhos esbugalhados - que passava a vida a dar de comer ao papagaio, (nozes e esse tipo de coisas). Por isso, sempre que esse servidor aparecia - às vezes bastava o simples som dos seus passos ou uma tossidela - o papagaio ficasse todo excitado. Ele tinha uns modos extremamente amigáveis com esse passaroco e era retribuído de uma maneira espantosa. Nalgumas raras ocasiões, eu também tentei dar-lhe umas nozes, mas ele nunca me demonstrou grande afeição; um dia pus-me então a espicaçá-lo com um pau, na esperança que ele reagisse melhor; o resultado foi totalmente negativo. Como eu estava a usar mais força do que a dele, o pássaro reagiu em consequência.

Portanto, se quisermos ter verdadeiros amigos, temos de começar por criar uma atmosfera positiva à nossa volta. Nós somos, apesar de tudo, animais sociais e os amigos são muito importantes. Como havemos de fazer para provocar um sorriso nas pessoas? Se ficarmos carrancudos e desconfiados, é muito difícil. Se tiverem muito dinheiro ou poder, talvez consigam obter de algumas pessoas um sorriso artificial, mas um verdadeiro sorriso só pode surgir da compaixão.

A questão é: como desenvolver a compaixão? Com efeito, será que podemos realmente cultivar uma compaixão imparcial por todos? A minha resposta é sim, absolutamente. Eu acredito que a natureza humana é gentil e compassiva, embora haja pessoas, tanto agora como no passado, que pensam que ela é basicamente agressiva. Examinemos este ponto.

Quando somos concebidos e enquanto estamos no ventre da nossa mãe, a sua atitude compassiva e a tranquilidade do seu estado mental são factores muito positivos para o nosso desenvolvimento. Se o espírito da mãe for muito agitado, isso prejudica-nos. E ainda mal começamos a nossa vida! Aliás, no próprio momento da concepção o estado de espírito dos pais é importante. Uma criança concebida através de uma violação, por exemplo, não será uma criança desejada, o que é horrível. Para que tudo se passe da melhor maneira, a concepção deve proceder de um amor verdadeiro, de um respeito mútuo, e não de uma paixão desenfreada. Não basta um caso amoroso pontual, os dois parceiros devem conhecer-se bem e respeitar-se - é a base de um casamento feliz. Além disso, o casamento devia ser para a vida inteira ou, pelo menos, durar muito tempo. Nessas condições é possível dar origem a uma nova vida convenientemente.

Nas primeiras semanas que se seguem ao nascimento, isto segundo a ciência médica, o cérebro da criança ainda está em desenvolvimento. Durante esse período, dizem os especialistas, o contacto físico é um factor crucial para um desenvolvimento adequado do cérebro. Só por si, isso mostra-nos que o simples crescimento do nosso corpo requer a afeição de outrém.

Após o nascimento um dos primeiros actos da mãe é dar de mamar ao bebé. Por sua vez, um dos primeiros actos do bebé é mamar. O leite é muitas vezes considerado o símbolo da compaixão. Tradicionalmente, sem ele a criança não consegue sobreviver. Graças ao mamar, a proximidade entre a mãe e a criança aumenta. Se essa proximidade não existisse, a criança não procuraria o peito da mãe e se a mãe estiver desgostosa com o bebé, o leite pode não correr abundante. Isto significa que o primeiro acto da nossa vida, o acto de mamar, é um símbolo de afeição. Sempre que vou a uma igreja e vejo imagens de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços lembro-me disso; para mim, isso é um símbolo do amor e da afeição.

Descobriu-se que as crianças que crescem em lares onde o amor e a afeição estão presentes têm um desenvolvimento físico mais saudável e são melhores alunos. Em contrapartida, as crianças carentes de afeição têm mais dificuldades em desenvolver-se física e mentalmente. Mais tarde, quando forem crescidas, ser-lhes-á igualmente mais difícil mostrar afeição, o que é uma grande tragédia.

Vejamos agora os últimos momentos da nossa vida - a morte. Mesmo no momento da morte, apesar do moribundo não poder realmente beneficiar por aí além da presença dos amigos, se estiver bem acompanhado, talvez o seu espírito esteja mais calmo. Por conseguinte, ao longo de toda a nossa vida, desde o primeiro instante até à morte, a afeição tem um papel muito importante a desempenhar.

Uma disposição afectiva não só torna o espírito mais calmo e tranquilo, como afecta positivamente o nosso corpo. Por outro lado, o ódio, a inveja e o medo perturbam a nossa paz de espírito, tornam-nos agitados e afectam negativamente o nosso corpo. O próprio corpo precisa de paz de espírito e não lhe apraz a agitação. Isto mostra-nos que o apreço pela paz está-nos no sangue.

Por conseguinte, embora haja quem não esteja de acordo, creio que apesar do lado agressivo da nossa natureza fazer parte da vida, a força dominante da vida é a afeição. Razão pela qual é possível fortalecer esta bondade fundamental, que é a nossa natureza humana.

Podemos igualmente abordar a importância da compaixão através da inteligência e do raciocínio. Se eu ajudar uma pessoa e lhe mostrar o interesse que tenho por ela, acabo por também beneficiar disso. Todavia, se eu fizer mal aos outros, talvez venha a encontrar-me em dificuldades. Às vezes digo, meio a sério meio a brincar, que se quisermos realmente ser egoístas, mais vale sermos egoístas espertos do que egoístas tolos. A nossa inteligência pode ajudar-nos a ajustar a nossa atitude a este respeito. Se a utilizarmos bem, podemos descobrir como levar a cabo o nosso interesse próprio levando um tipo de vida compassiva. Podemos, inclusivamente, usar o argumento de que ser compassivo é, em última análise, a melhor forma de egoísmo.

Neste contexto, não creio que o egoísmo esteja errado. Gostar de si próprio é fundamental. Se não gostarmos de nós, como havemos de amar os outros? Parece-me que há pessoas que ao falarem de compaixão têm a noção que isso implica um desprezo completo pelo seu interesse próprio - um sacrifício dos seus interesses. Ora, isso não está certo. Com efeito, o verdadeiro amor deve começar por ser direccionado para nós.

Há dois sentimentos de ‘eu’ diferentes. Um deles, que não hesita em fazer mal às pessoas, é negativo e só nos traz problemas. O outro, baseado na determinação, na força de vontade e na autoconfiança, é um sentimento de ‘eu’ absolutamente necessário. Sem ele, como poderíamos cultivar a confiança necessária para cumprirmos os objectivos que nos impomos? De modo semelhante, há igualmente dois tipos de desejo. O ódio, no entanto, é invariavelmente negativo e destruidor da harmonia.

Como diminuir o ódio? Geralmente, o ódio é precedido pela irritação. A irritação surge como uma reacção emotiva e desenvolve-se gradualmente até ao sentimento de ódio. Neste caso, a habilidade consiste em saber, antes de mais, que a irritação é algo de negativo. Muitas vezes, as pessoas pensam que a irritação faz parte de si e que é melhor exprimi-la; creio, no entanto, que isso é uma ideia pouca sensata. Talvez as pessoas que se sentem ofendidas ou ressentidas por questões do passado tenham a expectativa de resolver esses sentimentos exprimindo a sua raiva. Talvez isso não seja impossível. Contudo, em geral é preferível estarem atentos à vossa irritação, de modo a que, gradualmente, ano após ano, ela vá diminuindo. Segundo a minha experiência, isso é mais fácil se adoptarmos a posição de que a irritação é negativa e que é melhor deixarmos de a sentir. Esta postura, em si, faz uma grande diferença.

Sempre que a irritação está prestes a surgir, podemos treinar-nos a ver o objecto da nossa raiva sob um prisma diferente. Basicamente, toda e qualquer pessoa ou circunstância que nos provoca raiva é relativa; vista de um certo ângulo provoca-nos raiva, mas, se a virmos noutra perspectiva, talvez possamos descobrir algumas coisas boas nela. Por exemplo, eu perdi o meu país e tornei-me um refugiado. Se olhar para esta situação sob este ângulo, talvez me sinta frustrado e triste. Todavia, o mesmo acontecimento criou-me novas oportunidades - encontrar-me com pessoas de outras tradições religiosas e assim por diante. Desenvolver uma maneira mais flexível de ver as coisas ajuda-nos a cultivar uma atitude mental mais equilibrada. Este é um dos métodos.

Noutras situações, por exemplo, ficamos doentes e quanto mais pensamos na nossa doença mais frustrados ficamos. Neste caso, talvez seja útil compararmos a nossa situação com o pior cenário possível relacionado com essa doença ou com o que aconteceria se tivéssemos apanhado uma doença ainda pior, etc. Deste modo, podemos consolar-nos, ao compreendermos que podia ser pior. Uma vez mais, treinamo-nos em ver a relatividade da nossa situação. Se a compararmos com algo de muito pior, isso reduz imediatamente a nossa frustração.

Similarmente, quando as dificuldades surgem, talvez elas nos pareçam enormes se as olharmos de perto, mas, se olharmos para o mesmo problema numa perspectiva mais alargada, ele parece logo menos importante. Graças a estes métodos e ao desenvolvimento de uma perspectiva mais vasta das coisas, sempre que tivermos de enfrentar problemas poderemos diminuir a frustração. Talvez precisem de um esforço constante, mas, se o aplicarem deste modo, verão que o vosso lado irritado irá diminuir. Enquanto isso, o vosso lado compassivo vai-se fortalecendo e o vosso potencial positivo desenvolvendo. Combinando estas duas abordagens, uma pessoa negativa pode tornar-se numa boa pessoa. É este método que utilizamos para efectuar esta transformação.

Por acréscimo, talvez uma fé religiosa, caso a tenham, seja útil para alargarem essas qualidades. Os Evangelhos, por exemplo, ensinam-nos a dar a outra face, o que nos mostra claramente a prática da tolerância. Para mim, a mensagem principal dos Evangelhos é o amor pelos seres humanos, nossos semelhantes, e a razão pela qual o desenvolvemos é o amor que temos por Deus - o que eu compreendo no sentido de ter um amor infinito. Este tipo de ensinamentos religiosos são muito poderosos para desenvolver e ampliar as nossas qualidades. A abordagem budista apresenta um método muito preciso. Primeiro, procuramos considerar todos os seres sensíveis como iguais. Depois, consideramos que a vida de todos os seres é tão preciosa como a nossa e desenvolvemos assim um sentimento de interesse pelos demais.

E no caso de uma pessoa sem fé religiosa? Seguir ou não uma religião é um assunto do foro de cada indivíduo. Pode-se muito bem passar sem religião e, nalguns casos, isso torna inclusivamente a vida mais simples! Mas o facto de não terem qualquer interesse pela religião não deve fazer com que negligenciem o valor das qualidades humanas. Enquanto seres humanos e membros da sociedade humana, temos necessidade da compaixão. Sem ela não podemos ser felizes. Uma vez que todos desejamos ser felizes e ter amigos e uma família feliz, temos de cultivar a compaixão e a afeição. É importante reconhecer que há dois níveis de espiritualidade: um com fé religiosa, outro sem. Com este último, devemos tentar simplesmente ser pessoas de bom coração.

Devemos também lembrar-nos que ao cultivarmos uma atitude compassiva a não-violência surge automaticamente. Não-violência não é um termo diplomático, é a compaixão em acção. Se tiverem o coração repleto de ódio, as vossas acções serão frequentemente violentas, enquanto se tiverem o coração cheio de compaixão elas serão não-violentas.

Como disse atrás, enquanto houver seres humanos nesta Terra haverá sempre desacordos e visões conflituosas. Podemos tomar isso por garantido. Se utilizarmos a violência para reduzir os desacordos e os conflitos, cada vez podemos esperar mais violência e creio que o resultado disso será terrível. Além do mais, na verdade é impossível eliminar os desacordos através da violência. A violência só serve para aumentar os ressentimentos e a insatisfação.

Não-violência, por sua vez, significa diálogo, significa usar a linguagem para comunicar. E diálogo significa compromisso: ouvir a opinião dos outros e respeitar os direitos dos outros num espírito de reconciliação. Ninguém sai cem por cento vencedor e ninguém sai cem por cento vencido. Esta é uma via praticável. Na verdade, é a única via. Hoje em dia, à medida que o mundo se vai tornando cada vez mais pequeno, o conceito de ‘nós’ e de ‘eles’ praticamente passou de validade. Se os nossos interesses pudessem existir independentemente dos interesses dos outros, talvez fosse possível ganhar ou perder completamente, mas uma vez que, na realidade, todos nós dependemos uns dos outros, os nossos interesses e os dos outros estão consideravelmente interligados. Por isso, como pode alguém obter uma vitória a cem por cento? É impossível. Temos de partilhar; metade para cada lado, ou talvez sessenta por cento de um lado e quarenta por cento do outro! Sem esta abordagem, a reconciliação é impossível.

A realidade do mundo de hoje implica que temos de aprender a pensar deste modo. Esta é a base da minha abordagem das coisas - a abordagem do ‘caminho do meio’. Nós, os tibetanos, não poderemos obter uma vitória a cem por cento, porque, quer queiramos ou não, o futuro do Tibete depende em grande parte da China. Por conseguinte, num espírito de reconciliação, eu advogo uma partilha de interesses, de modo a que seja possível um verdadeiro progresso. O compromisso é a única via. Através de meios não-violentos podemos partilhar visões, sentimentos e direitos e, deste modo, podemos resolver os problemas.

Por vezes digo que o Século XX foi o século do sangue derramado, um século de guerras. Ao longo do Século XX houve mais conflitos, mais derramamento de sangue e mais armas do que em qualquer outro. Portanto, com a experiência que todos nós tivemos desse século e com tudo o que aprendemos, creio que devíamos considerar o próximo como um século de diálogo. O princípio da não-violência deve ser praticado por toda a parte. Ora, isso não se consegue se ficarmos simplesmente aqui sentados a rezar. Isso implica trabalho, esforço e mais esforço.

Muito obrigado.

04 setembro 2007

obstáculos

De vez em quando apetecia, pura e simplesmente atravessá-los

Há um tempo atrás, comparei a vida a uma estrada e constatei as semelhanças! Hoje, após ler um texto da Mary, na mente surgiu-me a imagem duma pista de obstáculos.
A nossa vida poderá também ser isso! Uma pista de obstáculos, sendo ainda a própria vida aquele Sargento lixado que, quando até estamos a conseguir passar os obstáculos e já a ver o descampado para correr livremente ou simplesmente descansar, nos manda para o início da pista, fazer tudo de novo.

Recomeçamos e chegamos àquela parede lisa com 4 metros que temos de trepar mas não conseguimos. Até já a trepámos não sei quantas vezes, mas olhamos para ela e simplesmente não sabemos como trepá-la ou sequer se queremos. Vemos outros a fazê-lo e até parece fácil, mas nós não conseguimos.
Temos companheiros a encorajar-nos, a dizerem que conseguimos e que é fácil. Alguns até nos tentam levantar em ombros para nos ajudar a subir, mas nem assim, porque no nosso íntimo sabemos que temos de ser nós a fazê-lo, sozinhos.
Depois vemos outros que contornam a parede em vez de a superarem e continuam. The easy way! Not my way! Eu sou dos que fica a olhar para a imponente parede. Vezes houve que até me sentei e ali fiquei, a olhar, enquanto todos os outros, duma forma ou de outra, a passavam, até me acontecer algo (talvez levar com alguém em cima), que me fez reagir! De repente surgem forças, não sei bem donde, e aquilo que parecia a coisa mais difícil do mundo torna-se numa brincadeira de crianças!

Para além da parede, temos o fosso! Quantas vezes, estamos atolados na merda e, ainda assim, temos que continuar a viver? Alguém nos empurra lá para dentro - isto quando não somos nós próprios a saltar lá para dentro - e andamos metros (meses) e por vezes até quilómetros (anos) a caminhar com merda pelo pescoço. E as únicas pessoas com quem vamos tendo contacto, são aquelas que estão na mesma situação que nós ou até pior (porque são mais baixos e em vez de pelo pescoço, têm merda pelo nariz). De vez em quando lá passa um ou outro, que nos estende a mão para nos tirar dali, mas nós não queremos! Temos que conseguir sair sozinhos! Ou então até agarramos a mão, mas em vez de sairmos, puxamos quem nos quer ajudar. Isto repete-se um sem número de vezes e às tantas, quando reparamos, os que estão de fora, já só olham para baixo com um ar de tristeza e por vezes até pena, mas continuam a seguir o caminho deles!

Temos ainda aquele tubo, por onde temos que rastejar, sozinhos, apertados e a ver a luz no final. Por vezes estamos tão fartos, que simplesmente nos deixamos estar ali, praticamente enclausurados. Sabemos que basta rastejar mais um pouco e temos luz, novamente. Mas não! Preferimos mantermo-nos sozinhos, no escuro, apertados! E por vezes, quando saímos, estamos tão habituados ao escuro, que a luz nos fere os olhos, impedindo-nos de ver. Com a cegueira acabamos por acertar, empurrar ou atropelar quem não queremos ou até não ver uma mão que nos é estendida por alguém, para nos guiar, enquanto os olhos não se habituam.

Enfim! Obstáculos! Cada um de nós ultrapassa-os como sabe. Uns estão mais preparados do que outros para os ultrapassarem. Outros vão ultrapassando com mais dificuldade e mais devagar e outros ainda, simplesmente não os ultrapassam, contornam-nos!

Mary, tu és uma pessoa fantástica e só sofres tanto por isso mesmo! Sofres porque te preocupas! Porque gostas! Porque amas a vida e a alegria! Vais conseguir ultrapassar mais um obstáculo. Consegues sempre!

A música, coloquei-a apenas pela palavra "jump" e pela atitude implícita, de enfrentarmos tudo!
House of Pain - Jump Around

03 setembro 2007

de puta madre

MIRA! MIRA! QUE GUAPOS!!

Apesar de ter trabalhado de manhã, a tarde e a noite de Sábado, foram fantásticas.

À tarde fui ter com o Alexandre e com o Hugo, para irmos para o Guincho. Aí passámos uma tarde de praia, brutal, finalizada com uma bolinha de berlim maravilhosa!

Depois da praia fomos para casa, sem planearmos nada para a noite. Eu fui para casa do Hugo, como tínhamos combinado, para não ter que estar a vir para Lisboa e voltar! Lá, tive a Honra de conhecer os Pais dele - conhecendo o filho, só poderiam ser boas pessoas -, que são excelentes.
Jantámos e enquanto jantávamos, eu ia observando e admirando a forma como o Hugo se dá com os Pais, especialmente a Mãe. Houve momentos em que me lembrei da minha Mãe e em que senti saudades de a ter ao meu lado, a jantar e a questionar-me sobre as amigas e possíveis namoradas. A querer saber tudo da minha vida! Na altura ficava chateado, mas hoje sinto uma enorme saudade daquele sorriso malandro que ela fazia sempre que queria saber algo que eu não queria dizer, mas que ela desconfiava (as mães sabem tudo, mesmo quando não sabem)!
Adorei ver a forma como te dás com os teus Pais, Hugo! Parabéns!
No final, ainda houve tempo para experimentarmos uma aguardente que trouxeram ao pai do Hugo, de Viseu e que ele nos deu a experimentar. Muito boa!

A aguardente foi, como que, o tiro de partida para uma desgraça total!
Eu e o Hugo, arrancámos em direcção a nada e depois de uma volta a Cascais, a ouvir Carlos do Carmo (Canoas do Tejo, Estrela da Tarde e Lisboa Menina e Moça), acabámos em frente à casa do Alexandre (que é perto da casa do Hugo), no Paulinho, a beber minis. Entretanto, o Alexandre saíu - ainda dissemos adeus aos Pais dele, que são também umas Pessoas espetaculares!! - e nós continuámos nas minis. Algum tempo depois chegou o Castelo e, mais minis!!

Dali fomos para o Hemingway, na marina de Cascais. Aí começou-se a perceber que esta noite ia ser memorável!!
Quando chegámos, não tinhamos onde nos sentar, então, pegámos em quatro cadeiras duma pilha que estava lá no canto e sentámo-nos numa zona "morta" da esplanada. Pouco tempo depois, tinhamos uma mesa, cortesia da Inês - uma das empregadas -, que é uma simpatia.

A partir daqui foi um sem número de filmes e risos. Desde um excitante e erótico table dance ao Alexandre, protoganizado pelo Hugo (até partiram a cadeira, tal foi o entusiasmo), que por sua vez levou uma palmada nas nalgas oferecida por "moi même" e ainda foi assediado por uma gaja/mulher/senhora (ou lá o que era), que já ia arrastada a reboque da amiga. Ainda atravessámos a esplanada e o interior do bar, em fila, a dançar tipo Genesis no clip do "I can't dance"! Rimos, cantámos, gritámos, falámos de tudo, de nada e de sei lá mais o quê!

Depois de encerrado aquele capítulo, seguimos para o Bar do Guincho, sabem onde, sabem?! NO GUINCHO!! Chegámos lá e estavam algumas pessoas no bar, mas estava um bocado murcho. Primeira coisa a fazer? AO BAR! AO BAR! AO BAR!! Chegámos lá e pedimos quatro imperiais. De repente alguém viu um chapéu de palha, tipo Cuba! Pronto... lá tivemos que beber quatro Malibus para ter direito aos chapéus! Já com os chapéus, foi a loucura! Dançámos, cantámos e, perdoem-me a falta de modéstia, mas animámos aquilo!

Com o dever de animar, cumprido, arrancámos para o Tamariz e aí, sim, assistiu-se ao verdadeiro descalabro!!

Entrámos no Tamariz, com os chapéus e a falar espanhol. Podem não acreditar, mas estivemos o resto da noite a falar espanhol!

Os chapéus fizeram sucesso e os espanhóis também! Gritaria tremenda, em espanhol claro, cânticos de "viva la españa" que surgiram porque um gajo resoveu desabafar, enquanto estávamos num dos bares do Tamariz, "Odeio espanhóis!", pensando que não percebíamos o que ele dizia.

Entre vários "filmes" eu estive a aturar um gajo - isto enquanto a amiga dele tentava tirar o chapéu ao Alexandre - que me dizia que ia a Barcelona em Setembro e queria saber se a noite era boa! Deviam ver o ar de tristeza dele quando lhe disse que a de Madrid era melhor (nunca estive em Madrid e a única vez que estive em Barcelona, não saí à noite). Demais!!

Cada vez que nos movimentávamos pela discoteca e um de nós ficava para trás, começávamos logo a fazer barulheira:

"Mira! Mira! Donde esta el...?"

Depos víamos um chapéuzinho a aproximar-se e numa festa tremenda, gritávamos:

"MIRA! MIRA! QUE ESTA AQUI! EEEEEEEEEHHHHHHHH!! QUE BUENO! QUE MARAVILLA!!"

Foi uma noite simplesmente genial! Já não me divertia assim, há muito tempo!

Ontem, na praia da rata, passámos o dia com o cérebro ligado à máquina. Autênticos vegetais, mesmo!

Uma palavra especial para o pessoal do Hemingway, que nos aturou, quer na Marina, quer no Tamariz! É preciso paciência!!!

A música que acompanha, é um dos "faduchos", com que começámos a noite:

Carlos do Carmo - Estrela da Tarde

01 setembro 2007

"seja o que Deus quiser"

Esta noite tive uma recordação, não muito agradável.

Era uma e meia da manhã, quando eu vinha de Cascais para Lisboa, na A5. Depois da saída de Linda-a-Velha, a descer, avistei sem exagero, uns 20 "pirilampos" azuis, que estavam já na subida para o Monsanto. À medida que me fui aproximando percebi que era um acidente, dos graves! Saí para a CRIL, antes de começar a fazer a dita subida. Na curva da saída, já mais devagar, olhei e vi que estavam dois carros no morro, para cá dos rails da auto-estrada, completamente amassados. Não fui capaz de olhar mais porque comecei só a pensar na aflição das pessoas que lá estavam (no acidente, porque não sei se ainda estava alguém nos carros). Possivelmente viram a morte a passar à frente! Isto se não lhes bateu mesmo à porta (espero que não, como é óbvio).

Fez, há três dias (dia 28 de Agosto), três anos que eu mais dois amigos vimos a morte a passar por nós e a piscar-nos o olho. A mim ainda me tocou, no calcanhar esquerdo.
Num segundo íamos a 180 km/h - bem sei que é mais do que o permitido - na A8 e no outro íamos completamente à deriva, sem saber o que nos ia acontecer! Após arrancarmos quinhentos metros de rail, que atravessou o chassis do carro cortando o motor e uma jante, acabámos parados na faixa da esquerda da auto-estrada, a tentar sair do carro - a minha porta, nem ao pontapé abria -, enquanto olhávamos para auto-estrada, como que à espera de ver umas luzes a virem na nossa direcção para acabarem com o que nós começámos!

Hoje, analisando tudo, posso afirmar que tivémos sorte em três momentos:

1 - O rail atravessou o chassis. Dessa forma, segurou e travou o carro, impedindo-o assim de capotar. Se tivéssemos capotado...
2 - O rail entrou pelo espaço do motor, porque se tivesse entrado no habitáculo, não era o motor que acabava cortado!
3 - Não veio nenhum carro, enquanto não saímos do carro. E felizmente, apesar de terem passado carros, nenhum bateu!

Não há palavras que se possam usar para descrever um acidente, o que sentimos naquele poucos segundos, nem o número estupidamente elevado de pensamentos que "flasham" a nossa cabeça!

Três anos e três dias depois, senti-me mal. Revivi a noite de 28 de Agosto de 2004 e desejei (ainda desejo) que aqueles que vi na A5, tenham tido a mesma sorte que eu e tenha sido só chapa.

Nesse mês, estive em dois acidentes. O de dia 28 e um outro no dia 08. Ambos os carros foram para a sucata. Apenas houve um ferido, que fui eu e durante um tempo fui gozado, porque em ambos os acidentes eu ia ao lado do condutor, no "lugar do morto". Por isso todos os meus amigos me diziam que eu só ia com eles se conduzisse os carros!