04 setembro 2007

obstáculos

De vez em quando apetecia, pura e simplesmente atravessá-los

Há um tempo atrás, comparei a vida a uma estrada e constatei as semelhanças! Hoje, após ler um texto da Mary, na mente surgiu-me a imagem duma pista de obstáculos.
A nossa vida poderá também ser isso! Uma pista de obstáculos, sendo ainda a própria vida aquele Sargento lixado que, quando até estamos a conseguir passar os obstáculos e já a ver o descampado para correr livremente ou simplesmente descansar, nos manda para o início da pista, fazer tudo de novo.

Recomeçamos e chegamos àquela parede lisa com 4 metros que temos de trepar mas não conseguimos. Até já a trepámos não sei quantas vezes, mas olhamos para ela e simplesmente não sabemos como trepá-la ou sequer se queremos. Vemos outros a fazê-lo e até parece fácil, mas nós não conseguimos.
Temos companheiros a encorajar-nos, a dizerem que conseguimos e que é fácil. Alguns até nos tentam levantar em ombros para nos ajudar a subir, mas nem assim, porque no nosso íntimo sabemos que temos de ser nós a fazê-lo, sozinhos.
Depois vemos outros que contornam a parede em vez de a superarem e continuam. The easy way! Not my way! Eu sou dos que fica a olhar para a imponente parede. Vezes houve que até me sentei e ali fiquei, a olhar, enquanto todos os outros, duma forma ou de outra, a passavam, até me acontecer algo (talvez levar com alguém em cima), que me fez reagir! De repente surgem forças, não sei bem donde, e aquilo que parecia a coisa mais difícil do mundo torna-se numa brincadeira de crianças!

Para além da parede, temos o fosso! Quantas vezes, estamos atolados na merda e, ainda assim, temos que continuar a viver? Alguém nos empurra lá para dentro - isto quando não somos nós próprios a saltar lá para dentro - e andamos metros (meses) e por vezes até quilómetros (anos) a caminhar com merda pelo pescoço. E as únicas pessoas com quem vamos tendo contacto, são aquelas que estão na mesma situação que nós ou até pior (porque são mais baixos e em vez de pelo pescoço, têm merda pelo nariz). De vez em quando lá passa um ou outro, que nos estende a mão para nos tirar dali, mas nós não queremos! Temos que conseguir sair sozinhos! Ou então até agarramos a mão, mas em vez de sairmos, puxamos quem nos quer ajudar. Isto repete-se um sem número de vezes e às tantas, quando reparamos, os que estão de fora, já só olham para baixo com um ar de tristeza e por vezes até pena, mas continuam a seguir o caminho deles!

Temos ainda aquele tubo, por onde temos que rastejar, sozinhos, apertados e a ver a luz no final. Por vezes estamos tão fartos, que simplesmente nos deixamos estar ali, praticamente enclausurados. Sabemos que basta rastejar mais um pouco e temos luz, novamente. Mas não! Preferimos mantermo-nos sozinhos, no escuro, apertados! E por vezes, quando saímos, estamos tão habituados ao escuro, que a luz nos fere os olhos, impedindo-nos de ver. Com a cegueira acabamos por acertar, empurrar ou atropelar quem não queremos ou até não ver uma mão que nos é estendida por alguém, para nos guiar, enquanto os olhos não se habituam.

Enfim! Obstáculos! Cada um de nós ultrapassa-os como sabe. Uns estão mais preparados do que outros para os ultrapassarem. Outros vão ultrapassando com mais dificuldade e mais devagar e outros ainda, simplesmente não os ultrapassam, contornam-nos!

Mary, tu és uma pessoa fantástica e só sofres tanto por isso mesmo! Sofres porque te preocupas! Porque gostas! Porque amas a vida e a alegria! Vais conseguir ultrapassar mais um obstáculo. Consegues sempre!

A música, coloquei-a apenas pela palavra "jump" e pela atitude implícita, de enfrentarmos tudo!
House of Pain - Jump Around

4 comentários:

Mary Mary disse...

Obrigada pelo carinho! Já tinha saudades de te ler!

Um grande beijinho para uma pessoa cheia de força também! :)

Anónimo disse...

belo texto, parabéns, que define com muita clareza aquilo porque quase todos, numa altura ou d'outra da nossa vida, temos de enfrentar. não acredito em vidas cor-de-rosa, acredito que de vez em quando temos rasgos de felicidade e muitos rasgos de tristeza e mágoa, das nossas vidas, das vidas dos outros, às quais não conseguimos ficar indiferentes. basta ligar a tv para nos magoarem todos os sofrimentos que vão pelo mundo, e que para algumas pessoas são apenas imagens para outras (como eu)representam a solidão e a infelicidade de quem na vida apenas tem o caminho para andar. ou dos refugiados que nem o caminho têm, porque já chegaram ao fim do "mundo". nós ainda vamos tendo bocadinhos de felicidade, mas será que dormimos descansados com tanto sofrimento? Ricardo, mais uma vez um abraço pela tua "escrita". beij*s

Kokas disse...

Porque, pelos vistos, temos uma grande amiga em comum. Porque este teu texto está fantástico e encheu a Maria de força. Porque o Guincho é o meu refúgio. Porque este blog parece uma descoberta que vale a pena, aqui estou!

Aquele abraço!

ricardo teixeira disse...

Agradeço as palavras acerca do texto e fico muito feliz, essencialmente, por saber que, por muito pouca que tenha sido, o texto te deu alguma força, Mary!

Beijinhos e abraços!