01 setembro 2007

"seja o que Deus quiser"

Esta noite tive uma recordação, não muito agradável.

Era uma e meia da manhã, quando eu vinha de Cascais para Lisboa, na A5. Depois da saída de Linda-a-Velha, a descer, avistei sem exagero, uns 20 "pirilampos" azuis, que estavam já na subida para o Monsanto. À medida que me fui aproximando percebi que era um acidente, dos graves! Saí para a CRIL, antes de começar a fazer a dita subida. Na curva da saída, já mais devagar, olhei e vi que estavam dois carros no morro, para cá dos rails da auto-estrada, completamente amassados. Não fui capaz de olhar mais porque comecei só a pensar na aflição das pessoas que lá estavam (no acidente, porque não sei se ainda estava alguém nos carros). Possivelmente viram a morte a passar à frente! Isto se não lhes bateu mesmo à porta (espero que não, como é óbvio).

Fez, há três dias (dia 28 de Agosto), três anos que eu mais dois amigos vimos a morte a passar por nós e a piscar-nos o olho. A mim ainda me tocou, no calcanhar esquerdo.
Num segundo íamos a 180 km/h - bem sei que é mais do que o permitido - na A8 e no outro íamos completamente à deriva, sem saber o que nos ia acontecer! Após arrancarmos quinhentos metros de rail, que atravessou o chassis do carro cortando o motor e uma jante, acabámos parados na faixa da esquerda da auto-estrada, a tentar sair do carro - a minha porta, nem ao pontapé abria -, enquanto olhávamos para auto-estrada, como que à espera de ver umas luzes a virem na nossa direcção para acabarem com o que nós começámos!

Hoje, analisando tudo, posso afirmar que tivémos sorte em três momentos:

1 - O rail atravessou o chassis. Dessa forma, segurou e travou o carro, impedindo-o assim de capotar. Se tivéssemos capotado...
2 - O rail entrou pelo espaço do motor, porque se tivesse entrado no habitáculo, não era o motor que acabava cortado!
3 - Não veio nenhum carro, enquanto não saímos do carro. E felizmente, apesar de terem passado carros, nenhum bateu!

Não há palavras que se possam usar para descrever um acidente, o que sentimos naquele poucos segundos, nem o número estupidamente elevado de pensamentos que "flasham" a nossa cabeça!

Três anos e três dias depois, senti-me mal. Revivi a noite de 28 de Agosto de 2004 e desejei (ainda desejo) que aqueles que vi na A5, tenham tido a mesma sorte que eu e tenha sido só chapa.

Nesse mês, estive em dois acidentes. O de dia 28 e um outro no dia 08. Ambos os carros foram para a sucata. Apenas houve um ferido, que fui eu e durante um tempo fui gozado, porque em ambos os acidentes eu ia ao lado do condutor, no "lugar do morto". Por isso todos os meus amigos me diziam que eu só ia com eles se conduzisse os carros!

1 comentário:

Mary Mary disse...

Safa! Que história... Ainda bem que por cá andas! :)

Beijinhos